Reconduzida ao cargo pela presidente Dilma, a ministra de Direitos Humanos comenta os desdobramentos do ataque ao Charlie Hebdo, na França, critica a incitação ao preconceito e diz ver ambiente favorável à revisão da Lei da Anistia
Em meio à onda de discussão sobre liberdade de expressão suscitada pelo atendo ao Charlie Hebdo, na França, a ministra Ideli Salvatti questionou a evocação deste direito como escudo para a prática de crimes e disseminação de preconceitos. “A liberdade de expressão tem um limite no sentido de não perpetuar crimes violência, preconceito”, disse a ministra em entrevista ao iG.
Sua permanência no cargo enfrentou resistência de setores do PT, contrários à sua gestão, que a ministra procurou tratar com naturalidade. “Sou partidária da tese de que toda unanimidade é burra”, desvencilhou-se.
No segundo mandato, Ideli disse que iniciará os trabalhos procurando integrar as propostas de sua pasta ao lema "Brasil Pátria Educadora", definido por Dilma em seu discurso de posse, na tentativa de priorizar a área da educação.
Ideli espera um duro embate com o Congresso na questão de Direitos Humanos, já que o perfil da maioria dos eleitos é mais conservador. No entanto, ela apontou para a ampliação do diálogo entre o governo federal e as igrejas, na tentativa de ganhar novos aliados no combate à violência até mesmo contra a comunidade LGBT. “As religiões são a favor da vida”, argumentou.
A ministra ainda se mostrou confiante de que há no Judiciário um clima mais favorável a uma nova interpretação da Lei da Anistia para que crimes como tortura e ocultação de cadáver, praticados por agentes do Estado, possam ser punidos.
Para Ideli, os trabalhos de esclarecimento continuam e o governo brasileiro ainda fará ações junto às investigações já desenvolvidas pelos Estados Unidos e pela Argentina, com o objetivo de esclarecer com detalhes a Operação Condor, que promoveu sequestros e desaparecimentos durante a ditadura militar nos países do Cone Sul.
I G
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