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PENSE NISSO:

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sexta-feira, 9 de maio de 2014

Gavião de cabeça cinza (Leptodon cayanensis).

Leptodon cayanensis (Latham, 1790)
Família: Accipitridae
Nome popular: gavião-de-cabeça-cinza
Nome em inglês: Gray-headed kite
Tamanho: 46-54 cm de comprimento
Habitat: Bordas de matas, florestas
Alimentação: Insetos, répteis e Anfíbios

Distribuição no Brasil:

Individuo adulto de Leptodon cayanensis no Horto florestal, São José dos Campos - SP, Março de 2008.
Foto: Rodrigo dela rosa de souza 
Vocalização de chamado (A) - (gravado por: Andrew Spencer)
• Descrição: Atinge de 46 a 54 cm de comprimento, os machos pesam de 415-455 g e as fêmeas de 416-474 g (Márquez et al, 2005). Possui asas e cauda longa, nos indivíduos adultos, a cabeça cinza destaca-se da barriga e peito brancos, bem como das costas negras. A cauda, negra, possui três largas faixas brancas, sendo a mais interna menor e parcialmente escondida pelas penas do ventre. As pernas são poderosas e cinza azuladas, mesma cor da pele nua das narinas, nesta espécie pode ocorrer indivíduos com melanismo. Os indivíduos juvenis apresentam uma grande variação na plumagem (alto polimorfismo) podendo ocorrer fases de plumagem clara e escura.

Nos juvenis, na fase escura o alto da cabeça é marrom-escuro, com a cabeça, pescoço e barriga brancos; o dorso, embora negro como no adulto, não é uniforme e possui áreas mais claras; a pele nua ao redor das narinas, da cara e as pernas são amarelas. Na fase escura os indivíduos são predominantemente brancos com o dorso escuro, quase negro e apresentam uma pequena faixa negra no alto da cabeça e na região dos olhos.

Formas existentes do gavião-de-cabeça-cinza (L. cayanensis). Arte: Willian Menq

• Espécies similares: O juvenil em fase clara se assemelha muito ao gavião-pato (Spizaetus melanoleucus), Juvenil na fase escura e indivíduos melânicos podem ser confundidos com o gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus). Os juvenis na fase clara e escura são similares ao gavião-caracoleiro(Chondrohierax uncinatus), em vôo sua silhueta também é parecida com a do gavião-pernilongo(Geranospiza caerulescens) (Obs. pess. Willian Menq). Na região nordeste do Brasil, nos estados de Alagoas e Pernambuco existe o gavião-de-pescoço-branco (Leptodon forbesi), espécie muito parecida a fase clara desta espécie, sendo até considerada por alguns autores (Foster, 1971) uma subespécie. Mas de acordo com o CBRO e com pesquisas recentes, sabe-se que o L. forbesi é uma espécie independente (CBRO, 2008; Dénes & Silveira, 2009).

• Alimentação: A dieta desse gavião é variada, composta por larvas e insetos adultos como vespas, formigas, besouros e gafanhotos, moluscos, além de ovos de aves e pequenos invertebrados, como moluscos (Hilty e Brown 1986). Ainda pode capturar com agilidade insetos em voo e até cobras e pequenos lagartos (Ferguson-Lees e Christie 2001). Em Minas Gerais, Ferrari (1990) relatou a associação do L. cayanensis e do Ictinia plumbea com um grupo de saguis (Callithrix flaviceps). Durante uma semana de observação, entre os meses de setembro e outubro de 1989, um casal de L. cayanensis foi visto capturando cigarras espantadas por um grupo de 11 sagüis

Thorstrom (1997) sugere que o L. cayanensis seja bem adaptado na captura de pequenos répteis. O mesmo pesquisador observou uma tentativa de capturar uma presa, onde o gavião voava de poleiro em poleiro abaixo do dossel e movia a cabeça lentamente para detectá-la, após vários minutos em um poleiro, ele voou para outro galho e começou a procurar de novo. Slud (1964) observou um indivíduo pousado em uma árvore e alimentando-se de uma pequena cobra que ainda estava viva, se contorcia nas garras do gavião enquanto ele arrancava pedaços de carne dela. No Panamá, em um espécime coletado, foi encontrando em seu estômago 55 pupas e 38 adultos de uma vespa (Odynerus pachyodynerus) com alguns pedaços de formiga (Azteca sp) (Wetmore, 1965). No Peru, em várias ocasiões, Robinson (1994) observou um casal dessa espécie levando comida a um ninho. Foi observado sete lagartos pequenos, dois sapos, cinco gafanhotos (ortópteros), uma cobra, duas larvas de lepdópteros, e um vertebrado não identificado.

• Reprodução: A maioria das informações de nidificação dessa espécie são de estudos realizados por Thorstrom (1997) na Guatemala e Carvalho Filho et al (2005) aqui no Brasil. O ninho é constuido com ramos em árvores. Botam de 1-2 ovos brancos manchados de marrons. Com tamanho médio de 53.1 x 41.5 mm. Thorstrom e Carvalho Filho et al observaram a incubação por ambos os pais, e os autores viram ambos os adultos entregar o alimento aos filhotes. Carvalho Filho e outros (2005) relatou três ninhos do Minas Gerais onde a construção do ninho começou em setembro, incubação começou por meados de outubro, e os jovens ficaram totalmente emplumados em novembro/dezembro do mesmo ano.


Imaturo (Fase clara da plumagem)
Foto: Leo Fukui - RJ. 
Imaturo (Fase escura da plumagem)
Foto: Leo Fukui - RJ.

• Distribuição e Subspécies: O gavião-de-cabeça-cinza possui distribuição neotropical sendo encontrado do México até o Paraguai e Norte da Argentina, incluindo todo o Brasil (Ferguson-Lees e Christie 2001). No Brasil distribui-se em todo o território em regiões forestadas, fora da Amazônia é considerado pouco comum (Sick 1997). São conhecidas duas subspécies: o L. c. cayanensis, ocorre do México (Tamaulipas, Veracrez) ao sul até as planícies da América Central a oestedo Equador e da Amacônia; L.c. monachus:ocorre no Brasil central e sul, leste da Bolívia até o norte da Argentina e Paraguai (Thiolay 1994).

• Status nas listas vermelhas estaduais:
Rio Grande do Sul: CR - Criticamente em perigo (Marques, et al. 2002).
São Paulo: NT - Quase ameaçado (Silveira et al., 2009).
Rio de Janeiro: DD - Dados desconhecidos (Alves, et al. 2000).

• Hábitos/Informações Gerais: A espécie é encontrada especialmente em áreas próximas a cursos d’água incluindo florestas de galeria e bordas de matas, podendo também ser encontrada em ambientes fragmentados (Thiollay 1994, Ferguson-Lees e Christie 2001). Voa por dentro da mata, assim como pode sobrevoar a grande altura. Apesar do tamanho, movimenta-se com facilidade pela vegetação e é difícil localizá-lo. Nos vôos planados coloca-se contra o vento e bate seguidamente a ponta das asas, mantendo parado o restante. É uma espécie residente (não-migratória) porém há alguns indícios que seja um migrante austral parcial como já foi visto em algumas partes da Argentina (GRIN, 2011; Di Giacomo 2005).

Em algumas regiões do Brasil, como no Rio Grande do Sul, o Leptodon cayanensis é considerado criticamente ameaçado no estado, sofrendo principalmente pela acentuada redução da cobertura forestal natural e possivelmente seja afetado por efeito acumulativo de agrotóxicos em suas fontes de alimento (Bencke et al. 2003), apesar de possuir média tolerância a alterações no hábitat (Parker et al. 1996). OLeptodon cayanensis é uma espécie irmã do Chondrohierax uncinatus e ambos são aparentados ao gêneroAviceda e Pernis do Velho Mundo (Brown e Amadon, 1968; GRIN, 2011).
Leptodon cayanensis se alimentando. Araguatins/TO, Janeiro de 2011. Foto: Cristóvão Silva
Leptodon cayanensis vocalizando. Araguatins/TO, Janeiro de 2011. Foto: Cristóvão Silva


Leptodon cayanensis sobrevoando a Rebio das Perobas. Tuneiras do Oeste. 2009. Foto: Willian Menq
Usina Gurinhatã - Gurinhatã/MG, Nov 2008.
Foto: Estevão Lima



• Referências:

Alves, M. A. dos S., J. F. Pacheco, L. A. P. Gonzaga, R. B. Cavalcanti, M. A. Raposo, C. Yamashita, N. C. Maciel & M. Castanheira (2000) Aves, 113-124 In: H. de G. Bergallo, C. F. D. da Rocha, M. A. dos S. Alves e M. Van Sluys (orgs.) A fauna ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Antas, P. T. Z. Aves do Pantanal. RPPN: Sesc. 2005.

Bencke, G. A. (2001) Lista de referência das aves do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. (Publicações Avulsas FZB, 10).

Brown L. e Amadon D. (1968) Eagles Hawks and Falcons of the World. McGraw-Hill, New York, U.S.A.

Contreras, J.R., L.M. Berry, A.O. Contreras, C.C. Bertonatti, and E.E. Utges. 1980. [Ornithogeographical atlas of Chaco Province, Republic of Argentina. I. Non-Passeriformes]. Cuadernos Tecnicos Felix de Azara 1:1-165.

Carvalho Filho, E.P.M., G.D. Mendes de Carvalho Filho, and C.E.A. Carvalho. 2005. Observations of nesting Gray-headed Kite Leptodon cayanensis in southeastern Brazil. Journal of Raptor Research 39:89-92.

CBRO (2008) Lista das Aves do Brasil - Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Versão 10/02/2006. http://www.cbro.org.br/CBRO/listabr.htm (acesso em 03/03/2010).

Dénes, F. V. & Silveira, L. F. (2009) Taxonomia, distribuição e conservação dos gaviões do gênero Leptodon Sundevall, 1836 (Aves: Accipitridae). Início: 2006. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas (Zoologia)) - Universidade de São Paulo, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

Di Giacomo, A.G. 2005. [Birds of El Bagual Reserve]. Pp. 202-465 in A.G. Di Giacomo and S.F. Krapovickas (eds.), [Natural history and landscape of the El Bagual Reserve, Formosa Province, Argentina: inventory of the vertebrate fauna and vascular flora of a proteted area of the humid chaco]. Aves Argentinas/Asociación del Plata, Buenos Aires, Argentina. 

Ferguson-Lees, J. e D. A. Christie (2001) Raptors of the World. New York: Houghton Mifflin Company.

Ferrari, S.F. 1990. A foraging association between two kite species (Ictinia plumbea and Leptodon cayanensis) and Buffy-headed Marmosets (Callithris flaviceps) in southeastern Brazil. Condor 92:781-783.

GRIN - Global Raptor Information Network. (2011). Species account: Gray-headed Kite Leptodon cayanensis. Downloaded from < http://www.globalraptors.org > on 19 Jan. 2011.

Hilty, S. L. e W. L. Brown (1986) A guide to the birds of Colombia. New Jersey: Princeton University Press.

Marques, A. A. B. et al . Lista de Referência da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul. Decreto no 41.672, de 11 junho de 2002. Porto Alegre: FZB/MCT–PUCRS/PANGEA, 2002. 52p. (Publicações Avulsas FZB, 11)

Márquez, C., Gast, F., Vanegas, V. & M. Bechard. 2005. Aves Rapaces Diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt. 394 p

Parker III, T. A.; D. F. Stoltz e J. W. Fitzpatrick (1996) Ecological and distribucional databases, p. 115-417. Em: D. F. Stoltz, J. W. Fitzpatrick, T. A. Parker III, D. K. Moskovits. Neotropical Birds: Ecological and Conservation. Chicago: University of Chicago.

Robinson, S.K. 1994. Habitat selection and foraging ecology of raptors in Amazonian Peru. Biotropica 26:443-458.

Slud, P. 1964. The birds of Costa Rica: distribution and ecology. Bulletin of the American Museum of Natural History 128:1-430.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

SILVEIRA, L.F.; BENEDICTO, G.A.; SCHUNCK, F. & SUGIEDA, A.M. 2009. Aves. In: Bressan, P.M.; Kierulff, M.C. & Sugieda, A.M. (Orgs), Fauna ameaçada de extinção no Estado de São Paulo: Vertebrados. São Paulo, Fundação Parque Zoológico de São Paulo e Secretaria do Meio Ambiente.

Thiollay, J. M (1994) Family Accipitridae (Hawks and Eagles), p. 52-215. Em: J. del Hoyo, A. Elliott, J. Sargatal (eds.). Handbook of the birds of the world. Vol. 2. New World Vultures to Guineafowl. Barcelona: Lynx Edicions.

Thorstrom, R. 1997. A description of nests and behavior of the Gray-headed Kite. Wilson Bulletin 109:173-177.

Wetmore, A. 1965. The birds of the Republic of Panama. Part I. Smithsonian Miscellaneous Collections 150:1-483.

http://www.avesderapinabrasil.com/leptodon_cayanensis.htm

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