Dois meses e meio depois de o governo permitir o repasse do reajuste das refinarias às bombas, postos registram queda no preço cobrado pela gasolina em SC
De olho na redução dos clientes e na concorrência, postos de combustíveis da Grande Florianópolis travam disputa de preços e quem ganha é o consumidor, que pode economizar cerca de R$ 24 ao encher o tanque (considerando um com capacidade para 60 litros) em relação aos valores cobrados em fevereiro. O preço do litro – que ficava em torno de R$ 3,49 – baixou até R$ 0,40, segundo o sindicato da categoria.
Joel Fernandes, diretor do Sindicato de Revendedores Varejistas de Combustíveis da Grande Florianópolis e administrador de cinco postos na Capital – um na região central da cidade e outro no Campeche – afirma que houve diminuição de consumo de 5% a 8% em relação ao ano passado. Ele acrescenta que no término da temporada é “histórico na cidade” haver redução de preços para compensar a queda no movimento e tentar manter o volume.
– A situação deve ficar desse jeito mais uns três ou quatro meses. Nosso mercado é efeito dominó. Um sobe de um lado e todo mundo vai subindo, um baixa de um lado e todo mundo vai baixando. Em Palhoça, estão vendendo gasolina a R$ 2,89, então não se surpreenda se isso chegar aqui – afirma.
Distribuidoras também reduziram a cobrança
Aldo Nienkötter, dos Postos Nienkötter, com duas unidades em Florianópolis e duas em São José, garante que a redução ocorre devido à concorrência:
– Temos que fazer isso, não temos escolha, senão perdemos clientes – afirma Aldo, no ramo há 35 anos.
Um dos postos da rede chegou a vender o litro de gasolina a R$ 3,499, mas o preço caiu sucessivamente e, há dois dias, está em R$ 2,989. Nienkötter descarta a possibilidade de cartel e afirma que há um espelhamento da concorrência, já que cliente tem a facilidade de passar por diversos postos e verificar os preços. Neida Muccillo, diretora-geral dos Postos Galo, com seis unidades em Florianópolis, diz que a rede baixou o preço, em torno de R$ 0,20 chegando a R$ 3,399 o litro, principalmente, por causa da concorrência:
– Para não ficar fora do mercado, reduzimos um pouco o preço. Agora a gente vai analisar como o mercado se comporta para ver se mantemos.
Ela acrescenta que também houve uma pequena redução do preço cobrado das distribuidoras.
– De novembro a março, há entressafra de etanol e as distribuidoras aumentam um pouco o combustível, com aumento do álcool anidro. Então, em março baixa um pouco, mas não foi uma baixa desse tamanho – defende Neida Muccillo.
Fernandes também cita uma queda no valor do litro cobrado pelas distribuidoras. Antes, girava em torno de R$ 2,90 e passou para R$ 2,85.
Procon multa 24 postos por abuso nos preços
O secretário de Defesa do Consumidor da Capital, Tiago Silva, defende que a queda nos preços está relacionada ao trabalho de notificação e fiscalização do órgão. Em levantamento feito pela secretaria, em abril os postos baixaram até R$ 0,50, ou 17%, o preço do litro de gasolina em relação ao praticado no início de fevereiro. Em média, o preço em fevereiro era de R$ 3,472 e depois passou para R$ 3,191 na Capital.
– Ficou bem caracterizado como aumento acima do que foi repassado pelo governo, porque depois das notificações, eles baixaram os preços – afirma Silva.
Diante disso, a secretaria enviou autuações para 24 postos em Florianópolis na quarta-feira. As multas, que em média são de R$ 50 mil, somam R$ 1,4 milhão. A partir da data de recebimento, os postos têm o prazo de 10 dias para apresentar defesa. Joel Fernandes, diretor do Sindicato de Revendedores Varejistas de Combustíveis da Grande Florianópolis, defende que há abuso de poder do Procon:
– Conseguimos liminar a nosso favor. Então sabemos que vamos perder na esfera administrativa, mas na esfera judicial tenho plena convicção que vamos ganhar.
A queda nas bombas não ocorre apenas na Grande Florianópolis. Em Joinville, em meados de março, o preço do litro começou a baixar, motivado, principalmente, pela concorrência. No intervalo de 10 dias, alguns estabelecimentos baixaram mais de R$ 0,20. Em Blumenau, no final de março, o preço dos litros estava entre R$ 3,03 e R$ 3,29.
Elizabete Fernandes, diretora do Procon SC, afirma que a fiscalização continua e que haverá pesquisa de preços na próxima semana e uma outra para acompanhar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que entra em vigor em maio e que não pode impactar em aumento do preço, pois em contrapartida haverá redução do PIS/Cofins.
Fonte: DIÁRIO CATARINENSE
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