Mesmo que pareçam cada vez mais precoces, as crianças precisam desenvolver maturidade para lidar com diversas situações do dia a dia. "Por considerarem os filhos espertos, alguns pais esquecem que eles necessitam de apoio e segurança para crescerem de modo equilibrado", diz a pedagoga Maria Luiza Werneck de Britto Pereira. Segundo a especialista, muitas vezes, os adultos queimam etapas, fazendo perguntas -- como a clássica "de quem você gosta mais? Do papai ou da mamãe?"-- que deixam as crianças inseguras, envergonhadas, confusas ou constrangidas. Saiba o que evitar nas conversas com os filhos e por quê.
1- VOCÊ QUER ESTUDAR AQUI OU PREFERE AQUELA OUTRA ESCOLA QUE VISITAMOS ONTEM?
Quando se trata de educação, são os pais que devem ter clareza quanto às necessidades dos filhos e às suas próprias expectativas. "O diálogo com os filhos é importante, e a opinião das crianças deve ser considerada. Mas decisões assim tão sérias cabem aos adultos", diz Sônia Maria Motta Palma, psiquiatra especializada em crianças e adolescentes.
2- ELA É SUA NAMORADA, FILHO?
Seja qual for a idade da criança ou adolescente, essa pergunta sempre é um verdadeiro mico, diz Sônia Maria Motta Palma. "Ela não deve ser feita na frente de ninguém e, muitas vezes, o melhor é esperar os filhos contarem, de forma espontânea, se estão namorando. Se não der para segurar a curiosidade, pergunte de forma discreta e não na frente do candidato", afirma a psiquiatra. Quando se trata de uma criança pequena, o comentário soa ainda mais inadequado, já que ela está longe de atingir a maturidade necessária para iniciar esse tipo de relacionamento e, portanto, não deveria receber qualquer estímulo dessa natureza
3- VOCÊ QUER MESMO FICAR AQUI HOJE?
Essa pergunta é feita, frequentemente, na frente do amigo que convida para dormir na casa dele ou do professor de natação, depois de uma aula experimental. Segundo a pedagoga Maria Luiza Werneck, perguntas sobre escolhas que envolvam sentimentos e lealdade podem gerar muita insegurança e constrangimento. "Não é justo sujeitar a criança a esse tipo de questionamento", diz. O melhor a fazer é discutir em particular e só depois comunicar a decisão aos outros
4- POR QUE VOCÊ NUNCA FAZ NADA DIREITO?
Mascarada de pergunta, essa é, na verdade, uma afirmação muito prejudicial para a autoestima dos filhos. "Os pais devem valorizar as qualidades das crianças. Podem substituir essa frase por outras mais positivas, como: "você não poderia fazer isso de uma outra forma?", "por que você não pensa um pouco mais antes de fazer isso?" ou "você é capaz de fazer isso melhor?", afirma a psiquiatra Sônia Maria Motta Palma.
5- VOCÊ PREFERE COMER PEIXE OU SALSICHA?
Escolher uma alimentação saudável para os filhos é uma tarefa que cabe aos pais, que também devem fixar os horários das refeições. "A questão mais séria é que, quando os responsáveis permitem que a criança tome determinadas decisões precocemente, estão delegando um poder que ela ainda não tem condições de administrar. Essa atitude, que coloca o filho no mesmo patamar que o adulto, gera dificuldades no estabelecimento de regras e limites. A criança passa a querer impor a vontade dela sempre", declara a psicóloga clínica Ana Paula Lofrano Stefani.
6- VOCÊ ESTÁ QUERENDO FICAR UM MÊS DE CASTIGO?
Os adultos só devem prometer o que podem cumprir, mesmo que desejem imprimir à ameaça um tom de interrogação. Promessas de castigos muito longos, com várias privações, devem ser evitadas, sob risco de desacreditarem os pais quando não cumpridas. "As repreensões não têm como objetivo aliviar a raiva dos pais e, sim, permitir uma reflexão por parte dos filhos", fala a psiquiatra Sônia Maria Motta Palma.
7- VOCÊ NÃO TEM VERGONHA DE TER MEDO DE UMA COISA DESSAS?
Segundo a psiquiatra Sônia Palma, quadros de ansiedade são muito frequentes, mesmo em crianças pequenas. "Cada idade tem um medo particular. Crianças de até dois anos, por exemplo, podem ter medo de pessoas mascaradas, como palhaços. Os pais devem ouvir os temores dos filhos e ajudá-los a superá-los. Às vezes, é necessária a intervenção de um psiquiatra ou psicólogo", afirma. Ignorar ou ridicularizar o medo da criança poderá levar ao agravamento da condição.
8- VOCÊ SABE QUE EU VOU EMBORA SE CONTINUAR FAZENDO ISSO, NÃO É?
Usar algum tipo de chantagem ou ameaça para conseguir obediência dos filhos --por exemplo, ameaçar ir embora, dizer que vai chamar a polícia ou que o monstro vai pegar-- é uma prática comum entre alguns pais. Segundo a psicóloga Ana Paula Lofrano Stefani, a fala é abuso de poder. "A criança não deve ser subestimada ou enganada, o respeito é fundamental", diz.
9- ESTÁ CHORANDO POR QUÊ? QUER QUE EU TE DÊ UM MOTIVO PARA CHORAR DE VERDADE?
As crianças costumam manifestar seus desconfortos, medos e ansiedades com o choro. E, quanto menor ela for, mais frequentemente isso vai acontecer. Os pais não devem subestimar essa reação, mas procurar saber os motivos do filho, incentivando a criança a expressar seus sentimentos e a superar o problema. "Não considerar os sentimentos dela pode acarretar graves traumas emocionais, com repercussão na adolescência e na vida adulta", afirma a psiquiatra Sônia Maria Motta Palma.
10- VOCÊ QUER QUE EU CONVERSE COM O AMIGO QUE BRIGOU COM VOCÊ?
É comum que os pais queiram resolver os conflitos dos filhos com os amigos. A intenção pode ser boa, mas a atitude é errada: além de constrangê-los, a intervenção pode torná-los dependentes e inseguros. "Assim como é saudável para as crianças saberem que podem contar com os adultos para algumas situações, também é importante que elas comecem a identificar o que podem resolver sozinhas", fala a psicóloga Ana Paula Stefani. Ao resolver um desentendimento com o colega da mesma idade, ela estará desenvolvendo a autonomia.
Fonte: UOL
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